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| Manifestante é contido por policiais. Foto: Sky Sports |
Os atletas que formavam a fuga no dia, Federico Rocchetti (De Rosa Flaminia), Simone Campagnaro (D'Angelo & Antenucci) e Pawel Bernas (Poland) passaram sem problemas, mas quando o pelotão principal chegou a Mondovi, foi forçado a parar com violência, empurrões, tapas e ofensas. Na noite anterior a passagem da prova, os manifestantes retiraram as marcações da prova na estrada. A polícia conseguiu dispersar os autores dos protestos e a corrida continuou, embora um policial tenha saído ferido, atropelado por uma carro da organização.
Os manifestantes estavam insatisfeitos com o partido político Lega Nord tendo participação na organização da prova, além das medidas de austeridade aprovadas pelo governo italiano recentemente, no qual a Lega Nord é o parceiro importante do governo para a aprovação. Uma greve geral convocada pela CGIL também ocorreu na terça-feira.
Durante o 2º estágio houve diversos protestos, e os protestantes voltaram a fechar a passagem dos atletas, na altura da cidade de Savona. Os organizadores tentaram desviar os ciclistas para uma rota alternativa, com tráfego aberto, mas após uma parada, voltaram ao percurso normal.
Na 3ª etapa, nesta quinta-feira (08), os organizadores foram obrigados a antecipar a largada em 20 minutos, além de mudar o percurso de última hora contornando Piacenza, já que o prefeito da cidade é de um partido opositor a Lega Nord e se recusou autorizar a passagem dos atletas.
A antecipação da largada se deu para evitar uma confusão maior com um grupo de manifestantes de diversas causas que chegaram ao local com faixas, buzinas, apitos e começou a questionar os participantes, de forma pacífica. Entre os protestantes, existiam até simpatizantes da independência do País Basco.
O nome "Padania" não é o nome da região por onde o Giro percorre, mas sim um nome dado pela Lega Nord para a região do Vale do Pó, até os Alpes, no norte da Itália, aonde se tem um movimento para que essa região ganhe autonomia do sul. O senador Michelino Davico, da Lega Nord, é um dos principais organizadores da competição, e as cores do Giro di Padania, inclusive a camisa do líder, é verde, cor do partido.
Outro significado político contido na prova, alegado pelos opositores, é de a largada foi dada em Paesana, no Piemonte, próximo da nascente do Pó, aonde todo mês de setembro a Lega Nord realiza uma cerimônia de retirar um frasco de água do rio para despejá-la em Veneza. O Giro di Padania termina em Montecchio Maggiore, próximo a Veneza.
O secretário da Refundação Comunista, Paolo Ferrero, que esteve entre os manifestantes, disse que escreveu ao presidente da Itália, Giorgio Napolitano, pedindo o cancelamento da corrida na semana passada. "Padania só existe na propaganda da Lega Nord", disse Paolo.
Campeão italiano, Giovanni Visconti (Farnese Vini-Neri Sottoli), que participa da competição, nasceu em Turim, no norte do país, mas cresceu na Sicília. Em entrevista ao jornal "Tuttosport", Visconti pediu o fim da discórdia entre norte e sul da Itália. "Eu não estou fazendo nenhuma declaração política, mas digo a aqueles que nos governam que deixem o racismo e a intransigência de lado. Norte ou sul não existe, só no mapa", declarou o Visconti.
Ivan Basso, campeão do Giro d'Italia 2010, foi ofendido e trocou tapas com um manifestante. Basso se juntou a Visconti e em uma declaração entregue aos organizadores nesta quarta-feira.
"Somos ciclistas e viemos aqui para competir, pedimos ao público que nos deixe fazê-lo", disse o comunicado.
"Fomos insultados e alguém chegou ao ponto de nos dar tapas. Consideramos este comportamento inaceitável. Somos atletas, treinamos duro todos os dias para que possamos correr"
Gianni Bugno, presidente do Sindicato dos Ciclistas Profissionais, na Itália, disse que o Giro di Padania não deveria ter sido autorizado a acontecer e lamentou que esporte e política tenham se misturado nesta situação. "Não é bom misturar esporte com política [...] Os ciclistas só estão lá para competir, é errado que eles tenham sido colocados no meio desta confusão", disse Bugno ao site "ciclonews".
"Esta competição deveria ter sido impedida de ser realizada desde o começo. Todos sabiam que essa estava ligada a um partido político com causas bem distintas", declarou Bugno, que também defendeu que os prefeitos das cidades deveriam recusar receber o evento. "Alguns deles (prefeitos) se recusaram, outros eram do mesmo lado político".
O bi-campeão mundial ainda atacou a Federação Italiana de Ciclismo e reiterou a impossibilidade do Giro di Padania acontecer em 2012. "Para a Federação Italiana de Ciclismo foi apenas uma competição, mas é evidente que todos consideraram essa corrida como propaganda de uma facção política [...] Eu não sei se pode ser cancelado agora, mas parece óbvio para mim que esse evento não poderá ser mais realizado", atacou Bugno, que foi candidato de oposição do Partido Democrático em 2010 para as eleições regionais na Lombardia, mas deixou claro que política não deve se misturar aos eventos esportivos.
Outro ex-campeão mundial que deu sua opinião foi Francesco Moser, defendendo o Giro di Padania, e acusando os manifestantes da Refundação Comunista de serem hipócritas. "Mas o que esses comunistas querem com as suas bandeiras vermelhas? Sem todo esse alarde, ninguém teria sabido que havia um Giro di Padania", disse Moser ao Corriere della Sera.
Moser também entrou para política e foi eleito para o conselho regional de Trentino, em 1994, pelo Trentino Tyrolean Autonomist Party, e afirmou que o nome da competição não tem nada de político. "Padania existe sim, não há nada que se possa discordar, por isso é certo que a corrida se chame assim".
Confira o vídeo do momento da interrupção da prova no primeiro dia, e o tapa que Ivan Basso levou de um membro do protesto, na sequência o vídeo da nova interrupção em Savona:
fonte: CyclingNews, Gazzetta dello Sport e Velo News











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