sábado, 23 de julho de 2011

Alpe d'Huez: o grande personagem do Tour de France

Por: Gabriel Araújo (@gabriel_araujo1)
Direto da Redação
Jacareí/SP



Mítico. Assim pode ser definido o Alpe d'Huez, o grande personagem do Tour de France 2011. Não é a maior, mais íngreme, mais longa ou que se encerra em maior altitude, mas a subida de maior história da competição francesa, exigindo entrema força e preparo físico. A subida chega em uma estação de esqui, símbolo do Alpe, que se localiza na região de Isère, sudeste do país.


A primeira chegada do Tour em altitude foi lá, e desde 1976 apenas em doze edições os ciclistas não subiram o Alpe d'Huez, que tem 13.8 km, uma declividade média de 7.9%, máxima 14%, desnível de 1.119 metros e 21 curvas (numeradas em ordem decrescente). Lá, com os torcedores ao lado dos competidores, geralmente a competição é definida.

O primeiro vencedor lá foi o il Campionissmo Fausto Coppi, em 1952. Foi lá que ele conquistou e não mais largou a camisa amarela daquela temporada. Com uma média de 18.664 km/k, batendo Jean Robic na subida, ele completou a montanha em 45min22s.

O Alpe d'Huez ficou muitos anos fora do percurso, tendo voltado em 1964, não sendo final de etapa pela primeira (e única) vez na história. Ele retornou definitivamente em 1976, com vitória de Joop Zoetemelk, uma das oito que a Holanda conquistou lá, o que fez o Alpe ser conhecido mundialmente como "a montanha dos holandeses".


A etapa de 1977 foi uma das mais emocionantes da história no Alpe d'Huez. O camisa amarela era Bernard Thévenet tinha 34s de vantagem sobre Lucian Van Impe, 49s sobre Hennie Kuiper e 1min13s sobre Zoetemelk. Na subida do Glandon, Van Impe atacou, no topo da montanha já tinha 1min25 de vantagem sobre Thévenet, Kuiper e Zoetemelk. Então, quando ele escalava o Alpe e perdia vantagem, com Thévenet sozinho, um carro da TV o atropelou e sua roda direita quebrou. Ele esperava a troca e via Kuiper, que atacou sobre Thévenet, passar. No final, Thévenet manteve a amarela por apenas 8s, sendo mais tarde campeão do Tour pela segunda vez.


Em 1978, o domínio de Bernard Hinault começou. Entre este ano e 1986, ele chegou entre chegou entre os dez primeiros seis vezes e venceu uma, a última (até 2011) vitória francesa no Alpe. Em 1984, o momento mais marcante do francês lá. Ele duelou com Laurent Fignon, tendo atacado no início da subida. Foi um blefe, como pensou o italiano, que quando atacou viu um Hinault sem forças para reagir. O vencedor, porém, não foi nenhum dos dois, e sim Luis Herrera, colombiano e primeiro sul-americano a vencer uma etapa do Tour de France.


Um ano antes, Fignon foi decisivo no Alpe d'Huez novamente e 'roubou' a camisa amarela de Pascal Simon. Em 1989, aconteceu o mesmo, mas seu adversário foi Greg LeMond. Porém, ele terminou o Tour de France oito segundos atrás do americano, campeão.

A única vitória de Bernard Hinault no Alpe foi em 1986. Naquele ano, ele foi segundo colocado no geral, atrás de LeMond. Ele prometeu ajudar o americano a se sagras campeão, caso ele se mostrasse digno da vitória. Muitos duvidaram, e acertaram em cheio ao ver Hinault abrir mais de quatro minutos sobre LeMond nos Pirineus, e em uma só etapa. Porém, nos Alpes, o francês teve dores no joelho, e perdeu a camisa amarela para LeMond. Eles se juntaram, com Hinault no comando, para bater Urs Zimmermann. Conseguiram. No final, os dois terminaram a etapa abraçados, sorrindo, em 48 minutos.


Em 1991, enfim os 40 minutos foram baixados no Alpe d'Huez, por Gianni Bugno. Ele venceu lá pelo segundo ano consecutivo, com 39min44s. Ele atacou o camisa amarela e mais tarde campeão Miguel Induráin várias vezes, sem sucesso. Os dois chegaram praticamente juntos, com Bugno meio metro a frente e Induráin líder, cumprindo a tradição de que quem sai de lá amarelado, vence o Tour (em 27 etapas, apenas em seis isso não se confirmou).

Outro momento antológico foi com Marco Pantani em 1997, batendo o recorde até lá, com 37min35s de montanha, acompanhado apenas por Ja Ullrich, segundo colocado, que não aguentou os últimos 10 km e deixou Pantani, vencedor no Alpe dois anos antes, partir sozinho e vencer.


Maior vencedor da história do Tour de France, com sete títulos, Lance Armstrong teve seu momento no Alpe d'Huez em 2001, quando blefou mostrando que estava sem forças no Glandon, e deixou Ullrich pra trás na subida da famosa montanha, e venceu sozinho, 1min59s à frente do alemão. Ele fez 38min01s na escalada, e começou a desenhar sua terceira vitória na competição ali.

Após uma crono-escalada em 2004, em que Armstrong ficou apenas um segundo atrás do tempo histórico de Pantani, mas sem comparações, pois o italiano disputou uma longa e cansativa etapa antes do Alpe, e o americano subiu apenas a montanha, uma etapa voltou a terminar lá em 2006, quando Franck Schleck fez venceu com 40min46s. Em 2008, Carlos Sastre cruzou a linha de chegada em primeiro, fazendo 39min31s, pegando a camisa amarela do já citado luxemburguês e a mantendo até a Champs-Élysées, em Paris.


A etapa voltou neste ano, e outra coisa retornou junto com ela: um francês vencendo. Pierre Rolland conquistou a prova, após alcançar o fugitivo Alberto Contador ao lado de Samuel Sánchez nos quilômetros finais, atacar e vencer sozinho, para delírio da torcida, sempre muito próxima. No pódio, estava o ciclista local que havia vencido em 1986 no Alpe, um francês. Lembram dele? Sim, Bernard Hinault, idolatrado pelo atleta da Europcar.

Este é o Alpe d'Huez. Duro. Histórico. Sensacional. O comercial de uma famosa criadora de miniaturas diria: E aí, vai encarar?

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